ESTA MÚSICA QUE VOS DEIXO...
Primeiro partiu Luciano Pavarotti (1935-2007), o tenor, na passada 5.ª feira (6/9), hoje (12/9) foi Josef Erich Zawinul (1932-2007), o pianista, que nos deixou. Fartaram-se desta humanidade, capaz do melhor, como eles foram disso prova, mas também do pior (normalmente a fazer carreira na política ou no gangsterismo mais vulgar). Em comum partilhavam o amor pela música, e, ambos foram divinos na sua arte.
Foram ter com os anjos (ah, meu caro Mahler, se tivesses sabido antes, terias feito mais do que uma "sinfonia dos mil", pois a orquestra celestial não pára de crescer e conta sempre com os melhores).
Ars Musica2u será um eterno admirador de ambos, mas em Joe Zawinul reconhecemos também uma das nossas maiores influências (David Zink dixit), e se ao primeiro já nos referimos no ARS MUSICA, n.º 10 ("Arriverdecci Pavarotti"), importa agora prestar tributo ao malogrado pianista e compositor.
Joe Zawinul, como se tornou conhecido, foi o génio descoberto por outro génio - Miles Davis -, posto que antes apenas lhe reconheciam o talento de grande pianista que vindo do leste aterrara nos states para se consagrar ao jazz (abandonando uma carreira no universo da música clássica), mas revolucionando-o e influenciando tanto a sua como as novas gerações de músicos.
Desde o seu muito interessante diálogo com o saxofonista Ben Webster, o mago das baladas ternas em noites de lua cheia, que já prenunciava algo de diferente, mas o grande salto deu-o com a "boleia" de Miles Davis, no album deste Live-Evil. Logo depois formou a sua própria banda de supervirtuosos, os Weather Report, e anos mais tarde o Zawinul Syndicate, além de, intermitentemente, nunca ter deixado de trilhar também peculiares caminhos a solo, desbravando novas linguagens no jazz, na world music e na fusion (música de fusão) da qual foi um dos mais lídimos percussores.