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Monday, December 21, 2009

ARS MUSICA (80): Joy to the World!

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ARS MUSICA 2U formula a todos os seus leitores votos de BOAS FESTAS e um FELIZ ANO NOVO com a qualidade musical - a ARTE DOS SONS, linguagem universal por excelência, como veículo da PAZ espiritual e temporal. Saibamos pois escutar, fruindo o vasto património musical da humanidade e abrindo-nos a novos e trancendentes horizontes. JOY TO THE WORLD!

«Anima Musicalis, Oecumenicus Natalis philosophorum», David Zink fecit MMIX


JOY TO THE WORLD!

A propósito da conhecida melodia natalícia “Joy to the world”, coligimos alguns elementos acerca da sua recorrente mas incorrecta atribuição a Georg Friedrich Händel (1685-1759), seja enquanto suposto criador absoluto como em co-autoria (neste a caso a título de precedência, chamada na gíria arquivística de “antecedente bibliográfico”).

Importa perceber que o registo bibliográfico da Biblioteca do Congresso elaborado a este propósito, apesar de frequentemente citado em abono desta tese, tem escassa relevância musicológica, pois refere-se unicamente à componente textual da obra, tentando explicar a origem do título, e posto que na colectânea Voce di Melodia (1830? ou c. 1834), de William Holford (fl. séc. XIX), maestro de coro na cidade inglesa de Manchester, este atribuiu a obra a Händel, seja por nele se ter inspirado como por razões comerciais e/ou de facilitação da sua divulgação, denominando-a “Comfort”.

Na verdade, esta atribuição é espúria e não tem fundamento musical significativo, embora tenha sido posteriormente repetida, entre outros pelo arranjador e decisivo impulsionador da melodia, Lowell Mason (1792-1872), o qual foi também o adjutor da letra (lírica) de Isaac Watts (1674-1748), um contemporâneo de Händel, para acentuar a ideia da atribuição a este último e a rebaptizou como “Antioch” na sua colectânea Occasional Psalm and hymn tunes (1836).

Não obstante, reconhecemos que Holford e Mason, recorreram ao uso de mínimas e semínimas, tal como Händel já o fizera antes dele nas suas obras!!!

Bem, mais a sério, parece que há uma vaga inspiração no fraseado musical de um ou outro verso do Messias (trechos n.ºs 17 e 33: corais “Glory to God” e “Lift up your heads”)… mas isso continua a não ser suficiente para uma atribuição rigorosa). Quanto muito, podemos admitir que o ponto de partida de “Joy to the world” é um pastiche de Händel, nunca um arranjo de uma obra sua, pese embora a procurada (pelo "verdadeiro" compositor) analogia do título inicial (“Comfort”) com o dos versos iniciais da mais célebre oratória do referido compositor alemão (“Comfort ye, Comfort ye my people”, no trecho n.º 2 do Messias). Ora, neste sentido, poder-se-á também dizer que os Beatles se inspiraram em Händel para criar o estilo “yé-yé”, no âmbito do “twist”!!! (ver o refrão “She loves you, yeah, yeah, yeah” na canção “She loves you”).

Em contrapartida, já no que respeita à “letra” (lírica) de Watts, verifica-se que ela é baseada no Salmo bíblico n.º 98, muito embora este não tenha tido a pretenção de atribuir os seus versos ao Rei Salomão ou a outro autor do Livro dos Salmos (Antigo Testamento)…

Note-se que, entre os sécs. XVIII e XIX, era vulgar os editores atribuírem a autoria de obras musicais a compositores mais conhecidos, sendo que no caso de Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736) este nem sequer teve tempo de vida suficiente para ter podido compor todas as obras que lhe foram atribuídas pela Europa fora. Aliás, mesmo em pleno século XX, o célebre violinista virtuoso e compositor Fritz Kreisler (1875-1962) atribuía obras suas a imaginários compositores do passado que ele dizia ter descoberto.

Por último, importa também reparar que a edição fonográfica desta obra pela Hyperion (a principal editora inglesa de música erudita), acolheu a intervenção de outro arranjandor, o britânico William Llewellyn (n. 1925), que porventura será (embora não o conseguíssemos confirmar) o responsável pela forma actualmente consagrada e que consideramos tradicional, já com o título baseado no primeiro verso de Watts – JOY TO THE WORLD!

Mas, se vários arranjos houve desta melodia, muitos outros hão-de surgir, pois a obra está aberta à intervenção de outros criadores. Convém é dar a César o que é de César e não mais do que isso. A obra hoje incontornável quando celebramos o Natal não precisa da chancela de Händel para ser apreciada, nem este compositor necessita desta obra para ser reconhecido como um dos compositores mais importantes da História da Música. Posto isto, ouçamos os Take 6 e cantemos com eles JOY TO THE WORLD!

Enfim aqui ficam estas notas para meditação e convite à investigação.

David Zink
Jan. 2010


"Joy to the world" / by Take 6


JOY TO THE WORLD!

I

Joy to the world! the Lord is [sic] come;
Let earth receive her King;
Let every heart prepare him room,
And heaven and nature sing,
And heaven and nature sing,
And heaven, and heaven, and nature sing.

II

Joy to the Earth! the Saviour reigns;
Let men their songs employ;
While fields and floods, rocks, hills, and plains
Repeat the sounding joy,
Repeat the sounding joy,
Repeat, repeat the sounding joy.

III

No more let sins and sorrows grow,
Nor thorns infest the ground;
He comes to make His blessings flow
Far as the curse is found,
Far as the curse is found,
Far as, far as, the curse is found.

IV

He rules the world with truth and grace,
And makes the nations prove
The glories of His righteousness,
And wonders of His love,
And wonders of His love,
And wonders, wonders, of His love.


BIBLIOGRAFIA:

- Christmas : celebrating the Christian History of american symbols, songs and stories / Angie Mosteller. - Celebrating Holidays Publishing Inc. , 2008

- The new Grove dictionary of music and musicians / edited by Stanley Sadie ; executive editor John Tyrrell. – 2nd. Ed. – London : Macmillan Publishers ; New York : [distr.] Grove’s Dictionaries inc., 2001, reprinted with minor corrections 2002, © 2001, 2002

- “Did Handel compose Christmas carols?”, in: http://gfhandel.org/faqs.htm

- “Joy to the world”, in: http://www.sibeliusmusic.com/cgi-bin/show_score.pl?scoreid=132078#details

- "William Llewellyn Wilson", in: http://en.wikipedia.org/wiki/William_Llewellyn_Wilson

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Saint Saëns - Introduction et Rondo Capriccioso / by Miguel Zink

Fictitious Sports / David Zink

Miguel Zink (b. 1995), winner of 2010 A. Capela Competiton, at the Laureate Concert

Lalo - Sinfonia Española (1st. mov.) / Miguel Zink, 15 years

LALO - Sinf. Española (4th mov.) / Miguel Zink (violin) & Karina Axenova (piano)

About the essential and discreet difference / Julia Lello (poem) & David Zink (music)

Dolphin Dance / David Zink

From Science and Art / Jorge Castro (poem) & David Zink (music)

Jupiter (1st approach, abridged) / David Zink

Kreisler (1875-1962) - Praeludium & Allegro / Miguel Zink (violin)

Bruch (1838-1920) - Violin Concert in G minor (1st mov.) / Miguel Zink (b. 1995)

Lullaby song / Jorge Castro (poem) & David Zink (music)

Sphera Mundi (abridged) / DZ

Massenet (1842-1912) - "Méditation", de Thaïs (1894) / Os Violinhos, dir. Filipa Poejo

Mozart's Requiem, K. 626 / Wiener Symphoniker, dir. Karl Bhöm

Pergolesi (1710-36) - Stabat Mater / Lucia Valentin-Terrani, Margaret Marshall ; L.S.O., dir. Abbado

Rachmaninov's cello sonata, op. 19, 3rd mov. / Karine Georgian & Vladimir Krainev

Verdi's Dies Irae, Dies Illa, from Requiem / dir. Karajan